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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

MENTIRAS E TRAVESSURAS

Era uma criança que comumente não mentia. Porém, certo dia, queria ir a casa de uns primos passar a tarde brincando. Minha mãe trabalhava fora e eu levava seu almoço. Aproveitei a oportunidade para perguntar se poderia, quando chegasse em casa, ir brincar na casa dos meus primos.
_Não! Minha mãe respondeu. Não saia de casa. Não me desobedeça.
_ Tá certo. Respondi. Vou ficar em casa. E assim, fui para casa.

Mas, enquanto caminhava para casa pensei: "Bom, se eu disser em casa que mainha deixou eu ir pra casa de meus primos, com certeza minha irmã vai deixar, já que eu não minto." Assim, com esses pensamentos, fui para casa. E ao checar em casa fui logo dizendo:
_ Vou pra casa de Nina brincar. Minha irmã mais velha tomava conta de nós enquanto nossa mãe trabalhava. Ela era a responsável por nós.
_ Mainha deixou? Ela perguntou. Hesitei um pouco e respondi:
_ Deixou. Eu pedi a ela e ela deixou.
_ Tá certo, pode ir. Tenha cuidado nas estradas.

Fui embora imaginando que estaria de volta antes de mainha chegar do trabalho. Ela não perguntaria e os meninos não iriam dizer nada já que não sabiam da proibição.

Ao chegar lá, porém, não passei mais que dois minutos. Estávamos brincando quando fui atingido por uma pedra, bem na minha sobrancelha. Fechei o olho e senti o sangue escorrer. Entrei em pânico. O que eu poderia fazer agora? Como eu ia voltar para casa com aquele corte na sobrancelha e minha mãe não percerber? E quando ela perguntasse o que houve, o que eu responderia?

Em meio aos meus pensamentos eu não me dava conta que estava sangrando e precisava de cuidados. O ferimento foi lavado, coloquei leite de pião para estancar o sangue e voltei para casa com um corte na sobrancelha, olho inchado e morrendo de vergonha. Queriam me levar ao hospital para fazer sutura, mas me recusei.

Quando minha chegou, eu não sabia onde colocar o rosto. Fiquei o mais longe possível, mas era inevitável, ela já tinha percebido e perguntou o que tunha acontecido. Minha irmã contou. Pior que a dor pela pedrada e o corte na sobrancelha, foi a vergonha ao enfrentar minha mãe e admitir que menti para sair de casa. Ainda hoje está no meu rosto a cicatriz para que não me esqueça.

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