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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Aprendendo a rezar

Comadre Zefa era uma mulher simples, mas que se orgulhava de ter estudado até a prova de admissão, exame que era feito para ser admitido no ginasial. Depois que casou não estudou mais e dizia que não se arrependia, pois, sabia o suificiente para ajudar os seus filhos com as tarefas escolares.

O filho mais novo era seu maior orgulho.
_Que menino inteligente. Dizia para as amigas. Sabia que ele já tá aprendendo a ler? Esse menino vai longe!

A noite, suas amigas vinha para sua casa e ficavam sentadas na frente da casa e ficavam proseando a luz da lua. Certa noite, quando estavam conversando, chegou o menino.
_Mamãe, eu já sei ler. Veja. E começou soletrar à sua maneira: m-a, ma; c-a, ca; c-o, co. Comadre Zefa ficou eufórica.
_Muito bem, meu filho.
_Mamãe, quero aprender a orar. A senhora me ensina?
_Claro, meu bem. Vá dormir. Daqui mesmo eu lhe ensino. Ela não queria atrapalhar a boa conversa com suas comadres. _ Tudo o que eu disser você repete. Preste bem atenção! Disse.
_Pai Nosso...Disse ela, feliz da vida.
_ Pai Nosso.
Após esse primeiro momento, ela irritou-se com o modo como ele repetia a frase.
_ Que estás no céu...
_Estai no céu...
_Santificado, burro! Ela gritou, já cheia de cólera. E ele repetiu do quarto.
_Santificado burro...
_Santificado burro, não, menino. Ela já estava possessa.
_Espera aí que você vai aprender a orar agora. Saíu, deixando as amigas se acabando de tanto rir, entrou no querto do menino.Pegou ele pela orelha e disse a todo pulmão:
_Que menino burro. Não sabe rezar, não sabe soletrar macaco. Que vergonha, meu Deus. Eu, que estudei até a admissão, agora tenho que ver isso.

Ela lamentava-se e o menino chorava, na frente da casa, as comadres riam como se aquilo tudo não passasse de entretenimento.

Zildo Barbosa

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