Comecei agora em dezembro a ler o livro A Batalha do Apocalipse do carioca Eduardo Sphoer. Fazendo algumas pesquisas na net, descobrimos o site Filosofia Nerd, onde encontramos textos excluidos do livro. Resolvemos então postar aqui também. Mas, se você estiver lendo o livro, é recomendável que só abra os arquivos após a leitura do mesmo. segue os links:
TRECHOS EXCLUÍDOS
» O Mestre do Fogo (baixe o pdf)
» Oásis Feiran (baixe o pdf)
» Atenas (baixe o pdf)
RESENHANDO COM ZILDO BARBOSA
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
Cuidado com os morangos!
OS MORANGOS
A vizinha espiou por cima do muro.
- Bom dia, seu Agenor.
- Bom dia.
- Que lindos estão estes morangos, que maravilha.
- O senhor não colhe, seu Agenor? Estão no ponto.
- Não gosto de morangos.
-
Que pena, aqui em casa somos todos loucos por morangos. As crianças
então nem se diga. Se não colher vão apodrecer no pé, uma judiação.
- É.
- Se o senhor não se incomodasse eu colhia um pouco. Já que o senhor não gosta de morangos.
- Com licença, preciso pegar o ponto na repartição.
- À vontade seu Agenor. E os morangos?
- Não prestam para comer. Têm gosto de terra.
- Pena, tão lindos!
Saiu
pra repartição. Voltou à noite. O luar batia em cheio no canteiro de
morangos. Acercou-se em silêncio. Estavam bonitos mesmo. De dar água na
boca. Pena que não pudesse comê-los.
Suspirou fundo.
Mariana,
tão linda. Linda como uma flor. Mas tão desleixada, tão preguiçosa.
Comida malfeita, roupa por lavar, pratos gordurosos. E aquele gênio!
Sempre descontente, exigindo tudo o que não podia lhe dar,
espezinhando-o diariamente pelo seu magro ordenado.
Fora realmente uma gentil idéia plantar os morangos depois que a enterrara no jardim.
(Giselda Laporta Nicolelis)
BLOG CLIQUE NEURÓTICO PUBLICA RESENHA DO LIVRO PEREGRINO
Saiu mais uma resenha do livro 'Peregrino" do Marcos Monjardim. Desta vez, a resenha foi publicada no blog Clique Neurótico da Joelma Alves. Numa sensibilidade incrível, a blogueira falou sobre o que leu de uma forma que nos convida reler o livro. Muito observadora, mostrou pontos importantes da aventura dos guerreiros Thiers e Enoque. Para coroar sua resenha, o texto foi ilustrado no dando ao menos uma idéia do que mostram os textos de "Peregrino".
Confiram a resenha acessando o blog http://cliqueneurotico.blogspot.com
Confiram a resenha acessando o blog http://cliqueneurotico.blogspot.com
terça-feira, 29 de novembro de 2011
ENTREVISTA COM O ESCRITOR DE "PEREGRINO", MARCOS MONJARDIM
![]() | ||||
Marcos Monjardim - Escrito de "Peregrino" |
Aos leitores fãs de "Peregrino", fizemos a seguinte a entrevista com o escritor e esperamos que todos possam cada vez mais encontrar em Peregrino a mesma sensação que tivemos ao ler o excelente romance. Na entrevista, o escritor adianta também o nome e um pouco do enredo de seu próximo livro.
Publicado também em www.caaporapb.blogspot.com
OBRA NACIONAL
Título: Peregrino
Autor: Marcos Monjardim
Editora: Anthology (Selo da Multifoco)
Páginas: 444
Zildo Barbosa: Desde que vi seu livro, me impressionou de
imediato o título “Peregrino”. Por que a escolha desse título?
Marcos Monjardim: Apesar do nome “Peregrino” estar muito ligada ao devoto que
sai em uma jornada religiosa a um lugar sagrado, eu quis unir a acepção que o termo
tem como viajante ao nome dado a ave mais rápida que existe, o falcão
Peregrino. A história gira em torno da contenda de dois personagens que saem de
sua terra natal em uma jornada que poderá mudar todo o mundo conhecido. Um
caminha com a fé de que os deuses guiam suas ações o outro que tem que lutar
por aquilo que o destino lhe predestinou. E o falcão Peregrino, a ave que
acreditam ser o mensageiro que guia as almas dos mortos e leva as orações aos
deuses, assiste a tudo.
ZB: O Livro tem bastante
ação e aventuras e a algumas vezes o título do livro parece está ligado a um
dos personagens da trama. Qual a real ligação entre os personagens e o falcão
peregrino? De que forma o leitor pode perceber essa ligação?
MJ: Os baharans acreditam que o peregrino é uma ave mensageira.
É aquela que leva as orações aos deuses e que guia a alma dos guerreiros. O
falcão peregrino é considerado como um personagem observador. Ele aparece em
momentos cruciais da trama.
ZB: O livro não possui
ilustrações. Você acha que de alguma maneira isso influencia no interesse do
leitor em relação ao livro? Você pensou em ilustrar o livro?
MJ: Eu não entendi bem a pergunta. Você pergunta se o livro
deveria ter gravuras ou que poderia ter mapas (ou algo assim) para orientar o
leitor? Se estiver questionando se pensei em colocar gravuras no texto; eu não
pensei nisso. Mas, cheguei a desenhar um mapa para orientar o leitor e enviei
para a editora fazer a arte do mesmo, mas ela não publicou com o texto. Então
fui obrigado a pôr o esboço desse mapa em meu blog para o leitor poder olhá-lo,
caso seja de seu interesse. É um desenho tosco, pois a minha habilidade com o
desenho e com os programas de imagens não é das melhores. Segue o link para ver
os mapas: http://marcosmonjardim.blogspot.com/p/mapas-de-peregrino.html
ZB: Ainda há certo
preconceito dos leitores brasileiros com os livros nacionais, como foi para
você passar por essa barreira?
MJ: Esse preconceito ainda existe, mas há na literatura nacional
grandes nomes como Eduardo spoh, André Vianco, Raphael Draccon, Thalita
Rebouças e, não podemos deixar de citar Paulo Coelho. Apesar de a crítica cair
em cima de Paulo coelho, é inegável o que conquistou, já tendo vendido mais 100
milhões de exemplares, sendo Best seller em diversos países.
Quanto a mim, ainda estou desbravando a jornada para ser
conhecido pelo grande público, então, não pude sentir esse preconceito.
ZB: Houve algo que te
motivou a escrever Peregrino?
MJ: Eu comecei a escrever sem compromisso, apenas pelo prazer de
escrever. Gosto muito de ler, e, resolvi testar como seria não ser escravo da
imaginação de outro. Queria saber como seria sonhar minha própria história.
Queria escrever apenas um capítulo. E um capitulo levou a outro e outro. Levei
tempo até ter coragem de dizer a mim mesmo que não era pretensão de minha
parte, eu estava escrevendo um livro. E durante a escrita, a obra virou uma
homenagem a um amigo que se foi.
ZB: Os problemas de
revisão prejudicaram de alguma forma a qualidade de seu livro? Por que isso ocorre
com muitos autores nacionais?
MJ: Descaso. Esses erros me incomodaram muito, pois não gostaria
de apresentar um texto com erros ao leitor, ainda mais quando esse é meu
primeiro livro. Em algumas resenhas, os erros pesaram na avaliação, mas no
geral, as pessoas têm gostado muito do livro. O resultado disso tudo é que
decido não renovar com a editora.
ZB: O segundo livro já
está em andamento? Tem alguma novidade que você pode nos adiantar?
MJ: Estou terminando esse segundo
livro e
deve ter aproximadamente 300 páginas. Mas no momento está parado porque estou revisando
Peregrino e reescrevendo alguns capítulos. Tanto esse segundo livro quanto a
possível segunda edição de Peregrino só deverão ocorrer depois que acabar meu
contrato com a Multifoco, minha editora.
Esse novo projeto chama-se, por
enquanto, “O Presente das Águas, os filhos da intenção”. Enquanto que
“Peregrino” é um romance ambientado em um mundo fictício, O Presente das Águas
tem sua trama no mundo atual e, ao contrário de Peregrino, há magia envolvida.
Para mim, os personagens são muito mais complexos. O novo livro fala de um
rapaz que acorda em uma praia sem se lembrar de nada e, aos poucos, vai
descobrindo quem é, e que os Elementais da Água, chamados no livro de
Aquadines, presentearam-no com o “dom elemental”. Ele passa não só a ter
poderes, mas percebe-se envolvido em uma guerra invisível e de grandes
proporções, que põe em risco não só a sua vida e de toda humanidade, mas também
a sua existência.
ZB: Qual o estilo
literário você prefere?
MJ: Romances históricos e fantásticos.
ZB: Na resenha do blog
Viagem Literária da Nanda, houve algumas falhas apontadas por ela em relação ao
livro, como por exemplo, o corte de alguns acontecimentos importantes e a falta
de romance, você poderia comentar algo sobre isso?
MJ: Quando escrevi peregrino tinha muitos receios. Como seria a
aceitação do público, se uma editora aceitaria publicar meu livro... Enquanto
eu escrevia, alguns amigos comentavam que o livro estava ficando muito extenso
e que as pessoas não o leriam. Preferi, então, focar-me mais na história e não
dar tanta ênfase no romance. Algumas partes que eu achava importante, tais como
a história de Nathalie, resolvi escrevê-la em uma possível continuação do livro
ou em uma segunda edição de peregrino.
ZB: Você gostou do
resultado final do seu trabalho?
MJ: Sim. A história é muito boa e todo mundo que a leu diz se
surpreender com o final. O melhor de escrever é perceber do leitor como sua
obra o tocou. Adorei quando Renata do blog “Mania de Ler” disse ter vontade de
enfiar uma espada no Enoque. Se meu texto consegue produzir essas sensações no
leitor, significa que ele está sendo transportado para dentro da história.
Mas, há algumas passagens que eu reescreveria, omitindo,
aumentando... acrescentando um capítulo ou outro... São coisas que poderão vir
em uma segunda edição.
ZB: Que recado você deixa
para todos os leitores de Peregrino?
Agarrem-se às asas do Peregrino, sobrevoem aquelas páginas e
viva essa história... a maior satisfação de um escritor é ver sua obra sonhada
em conjunto...
Grande Abraço
Marcos Monjardim
terça-feira, 8 de novembro de 2011
VIAGEM LITERÁRIA PUBLICA RESENHA DO LIVRO "PEREGRINO"
A vida, às vezes, nos proporciona momentos que não imaginamos viver. Em um desses momentos, conheci o escritor Marcos Monjardim, que acabara de lançar seu primeiro livro PEREGRINO. Sou apaixonado pela leitura e acabei comprando o livro do próprio escritor, com direito a autógrafo e dedicatória. Após algumas conversas, ele me falou de vários sites de e blogs voltados exclusivamente para leitores. Entre esses sites estava o SKOOB, que é uma comunidade totalmente voltada para leitores, onde postamos livros lidos, escrevemos resenhas, intergimaos com leitores e escritores de vários lugares. Entre os blogs, estava o Viagem Literária, fiquei impressionado com o volume de títulos lidos, comentados, resenhados, todos com muita precisão. Decidi, então, que criaria um blog também voltado para esse tipo de internauta e então, surgiu o resenhandozbarbosa.
Li o livro Peregrino. A cada página, uma nova descoberta. Guerreiros, clãs, sultanatos, peregrinação. Entre tantas aventuras, é quase impossível parar de ler. Desde o primeiro capítulo já somos apresentados a dois grandes jovens guerreiros, que pertencem ao mesmo clã, mas não compartilham dos mesmos ideais e nem possuem o mesmo caráter. Em Peregrino há paixões, dramas, comédia, todos os ingredientes necessários para arrebatar o leitor as terras geladas de Huega, e conviver com o vento cortantes, quando no grande inverno. Enquanto não posto aqui a resenha deste livro, veja a resenha publicada no Viagem Literária e desperte o interesse de ler esta excelente obra literária.
O texto a seguir é uma reprodução do blog do Marcos Monjardim
Li o livro Peregrino. A cada página, uma nova descoberta. Guerreiros, clãs, sultanatos, peregrinação. Entre tantas aventuras, é quase impossível parar de ler. Desde o primeiro capítulo já somos apresentados a dois grandes jovens guerreiros, que pertencem ao mesmo clã, mas não compartilham dos mesmos ideais e nem possuem o mesmo caráter. Em Peregrino há paixões, dramas, comédia, todos os ingredientes necessários para arrebatar o leitor as terras geladas de Huega, e conviver com o vento cortantes, quando no grande inverno. Enquanto não posto aqui a resenha deste livro, veja a resenha publicada no Viagem Literária e desperte o interesse de ler esta excelente obra literária.
O texto a seguir é uma reprodução do blog do Marcos Monjardim
Peregrino - no Viagem Literária
O "Viagem Literária" foi o primeiro blog que entrei em contato logo que lancei "Peregrino".
Havia muitos livros na frente e esperei ansiosamente para que chegasse o
dia de ver as impressões que a obra traria para a Nanda. Como as outras
resenhas, a ponto mais negativo é a ausência de revisão por parte da
Editora e que, infelizmente, pode-se evidenciar no livro.
Fico muito satisfeito com a
análise da Nanda e ainda mais com toda atenção que ela tem dado, tirando
dúvidas e dando sugestões durante todo esse período de divulgação do
livro. Através dela que conheci pessoas fantásticas como Diego do "Li um Livro" e Renata do "Mania de Ler". Renata, inclusive tem me dado opinião no esboço do segundo livro que já está em seu estágio final.
Nanda, mais uma vez, obrigado pela oportunidade e todo apoio.
Fiquem agora com a resenha de "Peregrino" e "agarrem-se às asas do peregrino" para essa "viagem literária".
Link Original (aqui)
MONJARDIM, Marcos. Peregrino. Rio de Janeiro: Editora Multifoco, 2011. 444p.
“-
Tenho que acreditar. Como dizia um grande amigo meu, tenha fé nos
deuses e consiga. Faça sua parte e deixe que os deuses guiem seu
caminho. Isso é só o que eu posso fazer.”p.292
O
livro de hoje narra uma aventura épica, uma aventura que começou com
dois guerreiros, cada um deles com interesses e objetivos muito
diferentes e esta narrativa não termina até que os dois encontrem seus
destinos, através de muitas terras e de muitas batalhas. Marcos Monjardim é o autor nacional do mês de novembro no Viagem Literária e hoje vocês vão conhecer Peregrino.
Enoque e Thiers eram os melhores guerreiros do clã Baharan, originários das geladas terras da Huega,
ao norte do grande continente. Terra de invernos longos e frios, e
verões muito curtos. Nestas aldeias o governo era exercido pelo chefe do
clã, que tomava a decisão por todo seu povo. A aldeia dos Baharan era
muito bem localizada, com um grande lago que fornecia comida mesmo
durante o inverno rigoroso. E tudo começou durante um dos piores
invernos, no meio do vento cortante.
Enoque
era sobrinho do grande patriarca, o provável sucessor do chefe do clã.
Era um guerreiro impiedoso, forte e que não temia uma boa batalha.
Enoque era impulsivo, orgulhoso e tinha grandes planos para a Huega.
Enquanto isso Thiers era um estrategista, evitava confrontos
desnecessários embora fosse um ótimo guerreiro. E quando a aldeia estava
prestes a ser invadida, os desejos de Enoque por uma batalha sangrenta
são combatidos pelas ideias inovadoras de Thiers.
Deste
combate restam inimigos mortais, cada um com seu seus planos e sonhos,
ambos partem rumo ao desconhecido. Um sonho premonitório leva Thiers
em uma busca bem longe de sua terra natal. Ele sonha com uma floresta,
com casas suspensas em árvores e com uma linda mulher.
Enquanto
segue na busca pelo local que conhece apenas de seus sonhos, Thiers
salva um viajante da morte certa e pelo jeito o destino estava agindo
novamente. Ele conhece Jonas, jovem e inexperiente, o rapaz
partia em busca de ajuda para defender sua tribo contra os guerreiros
Vizu. Ele era um Brantiano, vivia no reino de Brant, nas terras governadas pelo Duque da Desesperança - o irmão do Rei que explorava e maltratava seu povo.
Thiers
tem a chance de terminar sua busca e de ajudar todo um povo que sofria
injustamente. Porém, o destino irá lhe colocar novamente junto de seu
maior inimigo. Enquanto ele busca a justiça para o seu povo, Enoque tem
uma grande ambição e busca apenas a vingança. Enquanto isso, o falcão peregrino apenas observa e mais uma vez o destino está lançado.
Forcei-me
a parar a história por aqui, senão acabaria contando para vocês mais
do que devia. O enredo de Peregrino é fantástico, para quem gosta de
aventuras medievais e de grandes batalhas o livro é uma ótima indicação.
Apesar do tamanho do livro a narrativa não é cansativa, pelo
contrário, diálogos divertidos e muita ação fazem a leitura fluir. As
descrições também são muito bem feitas, cenários e cidades muito bem
construídos, eu conseguia imaginar todos aqueles locais.
Eu
gostei muito dos personagens principais: Thiers com sua personalidade
centrada e pronto para enfrentar qualquer desafio, Jonas com seu jeito
“bobalhão” - é meu personagem preferido, Nathalie uma guerreira desde
criança – não pude falar da personagem na resenha, mas ganha destaque na
metade do livro.
“- Mas somos aldeãos, jamais conseguiremos aprender a usar o arco a ponto de nos defendermos.
- Como não, João? Se até meu filho conseguiu derrubar um guerreiro Vizu. Se ele pôde, imagine nós.
-
Obrigado papai. Às vezes me pergunto como consegui chegar à idade
adulta sem me jogar dentro do fosso da aldeia – Jonas comentou com
escárnio, mas com certo humor que levou a todos a romperem em
gargalhadas. Definitivamente ninguém o levava à sério.” p.108
Apesar
de a trama ter me conquistado, agora tenho que falar do que não
gostei. A narrativa ágil garante uma leitura muito gostosa, porém senti
que alguns acontecimentos importantes foram contados de forma muito
corrida, o que tira a emoção destas passagens. Um exemplo é quando
Thiers chega a vila de seu sonho e encontra a mulher que buscava,
faltou romance e faltou desenvolver a relação entre eles. Senti este
problema em algumas outras passagens, mas não posso citá-las aqui pelos
spoilers.
Mas
o grande problema do livro está mais uma vez na revisão. Não é a
primeira vez que ótimos livros nacionais perdem ponto comigo por causa
dos erros, acho muito triste ver este descaso com nossos autores por
parte da Editora, mas infelizmente está se tornando uma realidade. O
livro tem diversos erros de digitação, de concordância, de pontuação e
até de continuidade. Não curti a capa também, acho que um falcão
Peregrino enorme teria ficado bem mais legal. ^^
No mais a trama de Peregrino vai agradar ao leitor que gosta do estilo, me lembrou um pouco A fome de Íbus do Albarus Andreos, embora o Albarus tenha uma escrita mais refinada, enquanto o estilo do Marcos é mais leve e divertido.
Se
você já leu me diga aqui o que achou, senão, te convido a conhecer a
obra e viver muitas aventuras ao lado de Jonas e Thiers. Leiam!
Marcos Monjardim é o autor do mês de novembro aqui no blog, aguardem que em breve tem promoção e entrevista com o autor.
da Redação
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
SOLETRANDO
Era pra ser apenas uma lista de compras, mas na família de Seu Dida, a coisa era diferente e como ele investia pesado na educação dos filhos, falava sempre orgulho: "Não ná crianças que saibam ler mais nessas redondezas que as minhas."
Estavam fazendo a lista de compras e ele pediu que seu filho mais novo, orgulho da casa, lesse para todos quais eram os produtos da lista. Alguns vizinhos rodearam o menino e ficaram esperando. Pronto, o show ia começar.
Seu Dida foi logo dizendo: Fala, menino, mostra pra essa gente como você sabe ler.
_ Mas, painho, eu fico com vergonha.- Disse o menino, meio sem jeito.
_ Deixa de conversa e lê logo isso, menino. Seu Dida estava ficando estressado.
Tudo bem, o menino começou a ler.
"Um quilo de feijão, dois pacotes de fubá, um quilo de arroz..." Mas, a coisa começou a complicar. No meio da leitura, o menino realmente não estava lendo, mas repetindo o que já havia decorado depois de um tempo soletrando. Então chegou numa palavra que não era bolo, não era bobo, não era bola...que palavra era a quela?
_ Um ro-...ro...rol...
A gargalhanda foi geral, seu dida gritou, sem graça para o menino:
Um rolóló, um rolóló... Um rolo de papel higiênico...
Ninguém se aguentava de tanto rir.
da Redação
Zildo Barbosa
Estavam fazendo a lista de compras e ele pediu que seu filho mais novo, orgulho da casa, lesse para todos quais eram os produtos da lista. Alguns vizinhos rodearam o menino e ficaram esperando. Pronto, o show ia começar.
Seu Dida foi logo dizendo: Fala, menino, mostra pra essa gente como você sabe ler.
_ Mas, painho, eu fico com vergonha.- Disse o menino, meio sem jeito.
_ Deixa de conversa e lê logo isso, menino. Seu Dida estava ficando estressado.
Tudo bem, o menino começou a ler.
"Um quilo de feijão, dois pacotes de fubá, um quilo de arroz..." Mas, a coisa começou a complicar. No meio da leitura, o menino realmente não estava lendo, mas repetindo o que já havia decorado depois de um tempo soletrando. Então chegou numa palavra que não era bolo, não era bobo, não era bola...que palavra era a quela?
_ Um ro-...ro...rol...
A gargalhanda foi geral, seu dida gritou, sem graça para o menino:
Um rolóló, um rolóló... Um rolo de papel higiênico...
Ninguém se aguentava de tanto rir.
da Redação
Zildo Barbosa
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
O BOM PORTUGUÊS
[...]O Brasil tem dessas coisas, é um país maravilhoso, com o português como língua oficial, mas cheio de dialetos diferentes.
No Rio é “e aí merrmão! CB, sangue bom! Vai rolá umach paradach”. Até eu entender que merrmão era “meu irmão” levou um tempo. Em São Paulo eles botam um “i” a mais na frente do “n”: “ôrra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindeindo”. E no interiorrr falam um erre todo enrolado: “a Ferrrnanda marrrcô a porrrteira”. Dá um nó na língua. A vantagem é que a pronúncia deles no inglês é ótima.
Em Mins, quer dizer em Minas, eles engolem letras e falam Belzonte, Nossenhora e qualquer objeto é chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando as malas: “Muié, pega os trem que o bicho tá vindo”.
No nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe é mainha, vó é vóinha. E pra você conseguir falar com o acento típico da região, é só cantar sempre a primeira sílaba de qualquer palavra numa nota mais aguda que as seguintes.
Mas o lugar mais curioso de todos é Florianópolis. Lagartixa eles chamam de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca (que deve ser lido rôchca). Carne moída é boi ralado. Se você quiser um pastel de carne precisa pedir um envelope de boi ralado. Telefone público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a ficha de telefone é pastilha de prosa. Ôvo eles chamam de semente de galinha e motel é lugar de instantinho. [...]
RAMIL, Kledir. Tipo assim. Porto Alegre: RBS
Publicações, 2003. p. 75-76 (Fragmento).
No Rio é “e aí merrmão! CB, sangue bom! Vai rolá umach paradach”. Até eu entender que merrmão era “meu irmão” levou um tempo. Em São Paulo eles botam um “i” a mais na frente do “n”: “ôrra meu! Tô por deintro, mas não tô inteindeindo”. E no interiorrr falam um erre todo enrolado: “a Ferrrnanda marrrcô a porrrteira”. Dá um nó na língua. A vantagem é que a pronúncia deles no inglês é ótima.
Em Mins, quer dizer em Minas, eles engolem letras e falam Belzonte, Nossenhora e qualquer objeto é chamado de trem. Lembrei daquela história do mineirinho na plataforma da estação. Quando ouviu um apito, falou apontando as malas: “Muié, pega os trem que o bicho tá vindo”.
No nordeste é tudo meu rei, bichinho, ó xente. Pai é painho, mãe é mainha, vó é vóinha. E pra você conseguir falar com o acento típico da região, é só cantar sempre a primeira sílaba de qualquer palavra numa nota mais aguda que as seguintes.
Mas o lugar mais curioso de todos é Florianópolis. Lagartixa eles chamam de crocodilinho de parede. Helicóptero é avião de rosca (que deve ser lido rôchca). Carne moída é boi ralado. Se você quiser um pastel de carne precisa pedir um envelope de boi ralado. Telefone público, o popular orelhão, é conhecido como poste de prosa e a ficha de telefone é pastilha de prosa. Ôvo eles chamam de semente de galinha e motel é lugar de instantinho. [...]
RAMIL, Kledir. Tipo assim. Porto Alegre: RBS
Publicações, 2003. p. 75-76 (Fragmento).
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Aprendendo a rezar
Comadre Zefa era uma mulher simples, mas que se orgulhava de ter estudado até a prova de admissão, exame que era feito para ser admitido no ginasial. Depois que casou não estudou mais e dizia que não se arrependia, pois, sabia o suificiente para ajudar os seus filhos com as tarefas escolares.
O filho mais novo era seu maior orgulho.
_Que menino inteligente. Dizia para as amigas. Sabia que ele já tá aprendendo a ler? Esse menino vai longe!
A noite, suas amigas vinha para sua casa e ficavam sentadas na frente da casa e ficavam proseando a luz da lua. Certa noite, quando estavam conversando, chegou o menino.
_Mamãe, eu já sei ler. Veja. E começou soletrar à sua maneira: m-a, ma; c-a, ca; c-o, co. Comadre Zefa ficou eufórica.
_Muito bem, meu filho.
_Mamãe, quero aprender a orar. A senhora me ensina?
_Claro, meu bem. Vá dormir. Daqui mesmo eu lhe ensino. Ela não queria atrapalhar a boa conversa com suas comadres. _ Tudo o que eu disser você repete. Preste bem atenção! Disse.
_Pai Nosso...Disse ela, feliz da vida.
_ Pai Nosso.
Após esse primeiro momento, ela irritou-se com o modo como ele repetia a frase.
_ Que estás no céu...
_Estai no céu...
_Santificado, burro! Ela gritou, já cheia de cólera. E ele repetiu do quarto.
_Santificado burro...
_Santificado burro, não, menino. Ela já estava possessa.
_Espera aí que você vai aprender a orar agora. Saíu, deixando as amigas se acabando de tanto rir, entrou no querto do menino.Pegou ele pela orelha e disse a todo pulmão:
_Que menino burro. Não sabe rezar, não sabe soletrar macaco. Que vergonha, meu Deus. Eu, que estudei até a admissão, agora tenho que ver isso.
Ela lamentava-se e o menino chorava, na frente da casa, as comadres riam como se aquilo tudo não passasse de entretenimento.
Zildo Barbosa
O filho mais novo era seu maior orgulho.
_Que menino inteligente. Dizia para as amigas. Sabia que ele já tá aprendendo a ler? Esse menino vai longe!
A noite, suas amigas vinha para sua casa e ficavam sentadas na frente da casa e ficavam proseando a luz da lua. Certa noite, quando estavam conversando, chegou o menino.
_Mamãe, eu já sei ler. Veja. E começou soletrar à sua maneira: m-a, ma; c-a, ca; c-o, co. Comadre Zefa ficou eufórica.
_Muito bem, meu filho.
_Mamãe, quero aprender a orar. A senhora me ensina?
_Claro, meu bem. Vá dormir. Daqui mesmo eu lhe ensino. Ela não queria atrapalhar a boa conversa com suas comadres. _ Tudo o que eu disser você repete. Preste bem atenção! Disse.
_Pai Nosso...Disse ela, feliz da vida.
_ Pai Nosso.
Após esse primeiro momento, ela irritou-se com o modo como ele repetia a frase.
_ Que estás no céu...
_Estai no céu...
_Santificado, burro! Ela gritou, já cheia de cólera. E ele repetiu do quarto.
_Santificado burro...
_Santificado burro, não, menino. Ela já estava possessa.
_Espera aí que você vai aprender a orar agora. Saíu, deixando as amigas se acabando de tanto rir, entrou no querto do menino.Pegou ele pela orelha e disse a todo pulmão:
_Que menino burro. Não sabe rezar, não sabe soletrar macaco. Que vergonha, meu Deus. Eu, que estudei até a admissão, agora tenho que ver isso.
Ela lamentava-se e o menino chorava, na frente da casa, as comadres riam como se aquilo tudo não passasse de entretenimento.
Zildo Barbosa
Olha a feira!
Seu Lula estava acostumado com a sala sempre cheia de crianças, filhos dos vizinhos que vinha brincar com seus filhos e ver televisão. Com tantas crianças espalhadas pela sala da casa, o barulho era constante. Mas, mesmo assim, seu Lula se divertia vendo a criançada brincando, correndo pela casa e, muitas vezes, apenas vendo desenho animado.
Certa tarde, seu Lula estava na sala vendo TV, junto com as crianças. Sua esposa tinha mandado um dos filhos ao supermercado comprar algo que estava faltando na cozinha, mas, não o avisou do fato. Ocorre que, em determinado momento, não aguentando mais tanto barulho, seu Lula levantou-se e gritou no meio da sala:
_Qual é o preço da farinha?
Seu filho mais novo que estava sentado junto com as outras crianças, respondeu com a maior naturalidade:
_Não sei. Não fui que foi comprar!
Zildo Barbosa
Certa tarde, seu Lula estava na sala vendo TV, junto com as crianças. Sua esposa tinha mandado um dos filhos ao supermercado comprar algo que estava faltando na cozinha, mas, não o avisou do fato. Ocorre que, em determinado momento, não aguentando mais tanto barulho, seu Lula levantou-se e gritou no meio da sala:
_Qual é o preço da farinha?
Seu filho mais novo que estava sentado junto com as outras crianças, respondeu com a maior naturalidade:
_Não sei. Não fui que foi comprar!
Zildo Barbosa
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
MENTIRAS E TRAVESSURAS
Era uma criança que comumente não mentia. Porém, certo dia, queria ir a casa de uns primos passar a tarde brincando. Minha mãe trabalhava fora e eu levava seu almoço. Aproveitei a oportunidade para perguntar se poderia, quando chegasse em casa, ir brincar na casa dos meus primos.
_Não! Minha mãe respondeu. Não saia de casa. Não me desobedeça.
_ Tá certo. Respondi. Vou ficar em casa. E assim, fui para casa.
Mas, enquanto caminhava para casa pensei: "Bom, se eu disser em casa que mainha deixou eu ir pra casa de meus primos, com certeza minha irmã vai deixar, já que eu não minto." Assim, com esses pensamentos, fui para casa. E ao checar em casa fui logo dizendo:
_ Vou pra casa de Nina brincar. Minha irmã mais velha tomava conta de nós enquanto nossa mãe trabalhava. Ela era a responsável por nós.
_ Mainha deixou? Ela perguntou. Hesitei um pouco e respondi:
_ Deixou. Eu pedi a ela e ela deixou.
_ Tá certo, pode ir. Tenha cuidado nas estradas.
Fui embora imaginando que estaria de volta antes de mainha chegar do trabalho. Ela não perguntaria e os meninos não iriam dizer nada já que não sabiam da proibição.
Ao chegar lá, porém, não passei mais que dois minutos. Estávamos brincando quando fui atingido por uma pedra, bem na minha sobrancelha. Fechei o olho e senti o sangue escorrer. Entrei em pânico. O que eu poderia fazer agora? Como eu ia voltar para casa com aquele corte na sobrancelha e minha mãe não percerber? E quando ela perguntasse o que houve, o que eu responderia?
Em meio aos meus pensamentos eu não me dava conta que estava sangrando e precisava de cuidados. O ferimento foi lavado, coloquei leite de pião para estancar o sangue e voltei para casa com um corte na sobrancelha, olho inchado e morrendo de vergonha. Queriam me levar ao hospital para fazer sutura, mas me recusei.
Quando minha chegou, eu não sabia onde colocar o rosto. Fiquei o mais longe possível, mas era inevitável, ela já tinha percebido e perguntou o que tunha acontecido. Minha irmã contou. Pior que a dor pela pedrada e o corte na sobrancelha, foi a vergonha ao enfrentar minha mãe e admitir que menti para sair de casa. Ainda hoje está no meu rosto a cicatriz para que não me esqueça.
_Não! Minha mãe respondeu. Não saia de casa. Não me desobedeça.
_ Tá certo. Respondi. Vou ficar em casa. E assim, fui para casa.
Mas, enquanto caminhava para casa pensei: "Bom, se eu disser em casa que mainha deixou eu ir pra casa de meus primos, com certeza minha irmã vai deixar, já que eu não minto." Assim, com esses pensamentos, fui para casa. E ao checar em casa fui logo dizendo:
_ Vou pra casa de Nina brincar. Minha irmã mais velha tomava conta de nós enquanto nossa mãe trabalhava. Ela era a responsável por nós.
_ Mainha deixou? Ela perguntou. Hesitei um pouco e respondi:
_ Deixou. Eu pedi a ela e ela deixou.
_ Tá certo, pode ir. Tenha cuidado nas estradas.
Fui embora imaginando que estaria de volta antes de mainha chegar do trabalho. Ela não perguntaria e os meninos não iriam dizer nada já que não sabiam da proibição.
Ao chegar lá, porém, não passei mais que dois minutos. Estávamos brincando quando fui atingido por uma pedra, bem na minha sobrancelha. Fechei o olho e senti o sangue escorrer. Entrei em pânico. O que eu poderia fazer agora? Como eu ia voltar para casa com aquele corte na sobrancelha e minha mãe não percerber? E quando ela perguntasse o que houve, o que eu responderia?
Em meio aos meus pensamentos eu não me dava conta que estava sangrando e precisava de cuidados. O ferimento foi lavado, coloquei leite de pião para estancar o sangue e voltei para casa com um corte na sobrancelha, olho inchado e morrendo de vergonha. Queriam me levar ao hospital para fazer sutura, mas me recusei.
Quando minha chegou, eu não sabia onde colocar o rosto. Fiquei o mais longe possível, mas era inevitável, ela já tinha percebido e perguntou o que tunha acontecido. Minha irmã contou. Pior que a dor pela pedrada e o corte na sobrancelha, foi a vergonha ao enfrentar minha mãe e admitir que menti para sair de casa. Ainda hoje está no meu rosto a cicatriz para que não me esqueça.
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